Thomas Jefferson disse uma vez: “0 café é a bebida favorita do mundo civilizado” e hoje podemos todos concordar de bom grado com ele.
A história do café começa logo com o café da manhã com uma xícara de café que nos dá energia para suportar até mesmo com as manhãs mais difíceis! Estas sementes castanhas (sim os grãos de café são, na verdade sementes como iremos ver mais à frente) têm uma longa história e vasta geografia, servindo a humanidade desde tempos imemoriais.
Seja café expresso, café americano, café solúvel, café verde, abatanado, café gelado, ou descafeinado está bebida esta acompanha o nosso dia desde sempre.
O café é uma bebida que junta amigos, família e até mesmo desconhecidos. Café ou coffee em inglês faz parte do dia-a-dia de muitos nós, no mundo inteiro. O cheiro intenso do café moído de fresco não deixa ninguém indiferente.
História do café e sua Origem
A origem do café cultivado em todo o mundo remonta a séculos atrás, até às antigas florestas de café no planalto etíope, de onde nos chega o famoso café arábica.
Lá, reza a lenda que um pastor de cabras de seu nome Kaldi descobriu acidentalmente o potencial destes tão amados feijões. Parece que as suas cabras ao ingeri-los mostravam uma energia diferente, saltitantes e irrequietas.
O mistério que envolvia este acontecimento em breve se viria a revelar para o pastor que, intrigado, ele próprio os ingeriu, experienciado assim, da mesma forma que os seus animais, a frescura e a magia dos mesmos.
À medida que a notícia se movia para o leste, começava uma jornada que viria a trazer esses grãos a percorrer a Península Arábica, a maior península do Mundo.
É costume dizer-se que as más notícias viajam depressa mas olhando à história do café, podemos concluir que as boas também. Viajantes, ao regressar ao Antigo Oriente, traziam histórias de uma bebida preta escura e incomum.
Foi assim que no século 17, o café já havia chegado à Europa e tornava-se popular em todo o continente. Em meados de 1600, o café foi trazido para Nova Amesterdão, mais tarde chamada de Nova York, pelos britânicos.
Embora o café tenha começado a ultrapassar fronteiras rapidamente, o chá continuou a ser a bebida favorita no Novo Mundo até 1773, altura em que os colonos se revoltaram contra um pesado imposto sobre o chá, implementado pelo rei George III. A revolta, conhecida como Boston Tea Party, mudaria para sempre as preferências americanas.
A planta do café
Os cafeeiros são considerados arbustos ou pequenas árvores. Usualmente são podados curtos para conservar a sua energia e ajudar na colheita, mas podem atingir mais de 9 metros de altura. Cada arbusto é coberto por folhas verdes, serosas, que crescem em pares, opostas umas às outras para dar o melhor café.
Os grãos que preparamos são, na verdade, as sementes processadas e torradas de uma fruta, chamada cereja de café. As cerejas de café crescem ao longo dos ramos. Leva quase um ano para uma cereja amadurecer após a primeira floração e cerca de 5 anos de crescimento para atingir a produção total de frutos.
Embora os cafeeiros possam viver até 100 anos, eles são, geralmente, mais produtivos entre as idades de 7 e 20 anos. Com o cuidado adequado podem manter e até aumentar a sua produção ao longo dos anos, dependendo da variedade. Os arbustos crescem melhor em solo rico, com temperaturas amenas, chuva frequente e sol sombreado.
Em média, o cafeeiro produz 4,5 kg de cereja de café por ano, ou quase 1kg de grãos verdes. Todo o café cultivado comercialmente vem de uma região do mundo chamada Cinturão do Café.
O café pelo Mundo
As condições ideais para o crescimento dos cafeeiros são encontradas em todo o mundo ao longo da zona equatorial chamada “The Bean Belt”.
Vamos então conhecer alguns dos maiores produtores deste feijão mágico.
Havai
Embora as fazendas de café sejam encontradas em todas as ilhas do Havai, é o café Kona, da grande ilha do Havai, que é mais conhecido e com maior demanda.
Aqui, a natureza oferece o ambiente certo para os cafeeiros nas encostas do ativo vulcão Mauna Loa. Estas pequenas árvores são plantadas em solo vulcânico preto e muitas vezes parece que os fazendeiros estão a plantar mudas na rocha.
Costa Rica
A Costa Rica produz apenas Arábicas processados por via húmida. Com um corpo médio e acidez acentuada, é frequentemente descrito como tendo um equilíbrio perfeito.
O café da Costa Rica é cultivado predominantemente em pequenas fazendas, ou fincas. Após a colheita, as cerejas são levadas imediatamente para instalações de processamento de última geração, para o chamado processo de beneficiamento por via húmida.
Colômbia
A Colômbia é provavelmente o produtor de café mais conhecido do mundo e ocupa o segundo lugar em termos de produção anual.
Um alto padrão de excelência é mantido com grande orgulho e cuidado, em milhares de pequenas fazendas familiares em todo o território colombiano. Esse cuidado e atenção resultam em cafés consistentemente bons e suaves, com uma acidez bem balanceada.
A paisagem acidentada da Colômbia oferece o ambiente natural perfeito para o cultivo. No entanto, o terreno oferece alguns desafios ao transporte dos grãos de café colhidos para os centros de produção e expedição.
Indonésia
A Indonésia, um dos maiores países do mundo, é composta por milhares de ilhas. Várias das ilhas maiores – Sumatra, Java e Sulawesi – são conhecidas em todo o mundo pelo seu café de excelente qualidade.
A planta do café foi introduzida na Indonésia por colonos holandeses no século 17, e o país logo liderou a produção mundial. Hoje, predominam pequenas fazendas de café, inferiores a 2 hectares, e a maior parte dos grãos são processados a seco.
Os cafés indonésios são caracterizados por uma acidez pronunciada, de carácter rico e cheio.
Brasil
O Brasil é o maior país produtor de café do mundo, com expansões aparentemente infinitas disponíveis para sua produção.
As plantações de café no Brasil frequentemente cobrem imensas áreas de terra, sendo necessárias centenas de pessoas para administrá-las e operá-las a fim de produzir grandes quantidades de café.
Tanto o Arábica quanto o Robusta são cultivados, e o clima, a qualidade do solo e a altitude determinam qual variedade crescerá melhor em que região.
Uma boa chávena café brasileiro é límpida, doce, de corpo médio e baixo teor de ácido.
O café mais caro do mundo
O Kopi Luwak é o café mais exclusivo (e mais caro) do mundo. O principal fator que determina o seu preço elevado é o método incomum de produção. É produzido a partir de grãos de café que foram parcialmente digeridos pelo civet de palma indonésio e depois excretados. Sim, nós sabemos, soa um pouco grotesco mas posteriormente à sua recolha, a camada exterior do grão de café é removida durante o processamento e os restantes grãos são completamente limpos antes de serem torrados e enviados para si.
O Kopi Luwak não é na realidade um tipo de café, mas sim um método de produção. Por conseguinte, o sabor pode variar significativamente dependendo da origem dos grãos e do processo de torrefacção. As Terras Altas de Pangalengan de Java Ocidental, Indonésia são locais original e mais propício à produção do Kopi Luwak. Os feijões são sujeitos a uma torrefacção média, porque é a que lhes dá o melhor sabor.
No entanto, devido à popularidade do Kopi Luwak, várias plantações criam civetas de palmeiras, por vezes em condições deploráveis, para produzir este tão afamado café. Além de ser desumano, isto resulta num café inferior, porque o sistema digestivo dos civetas é destruído pela dieta desequilibrada a que se encontram sujeitos.
Parte da magia do Kopi Luwak provém das enzimas saudáveis dos luwak (civeta). Se a dieta for deficiente, este processo enzimático não será eficiente.
Kaya Kopi é umas produtoras de café Kopi Luwak cujos grãos são provenientes de civetas que vivem uma vida 100% livre de gaiolas e saudável.
Qual é o sabor do Kaya Kopi Luwak? Não é propriamente amargo e é intensamente aromático. Tem um perfil de sabor complexo que é suave, terroso e doce, com uma pitada de chocolate.
Café orgânico certificado
Os amantes do café estão mais interessados no café orgânico do que nunca. Uma pesquisa desenvolvida pela National Coffee Data Trends da NCA relata que 44% dos bebedores de café têm mais probabilidade, ou muito mais probabilidade, de comprar café certificado como orgânico.
E não são apenas os bebedores de café que se estão a tornar orgânicos: a demanda geral por alimentos orgânicos continua a crescer, atingindo US $ 55,1 bilhões em 2020 (OTA). Esta evidência, é claro, cria oportunidades para que as empresas cafeeiras e os cafeicultores atendam a uma demanda crescente.
Os bebedores de café que preferem café orgânico devem procurar um selo de certificação orgânico nas embalagens de produtos alimentícios.
A certificação orgânica fornece a confirmação de que o produto do café segue um rigoroso processo de gestão da cadeia de abastecimento orgânico e controles de qualidade da árvore até à chávena, com o objetivo de salvaguardar os padrões orgânicos, sob a supervisão das entidades reguladoras do país importador.
Qual é o café com melhor degustação?
A resposta simples é: não existe. O sabor é uma experiência muito, muito individual. O café com melhor sabor para si não será o mesmo que para outros. Evite consumir marcas que escondem a origem do café.
Deixamos-lhe uma lista de alguns dos cafés mais saborosos do mundo:
Café Peaberry da Tanzânia
Cultivado no Monte Meru e no Monte Kilimanjaro, na Tanzânia. Os grãos de café Peaberry são um café Arábica brilhante com um corpo médio e uma deliciosa acidez em tons de frutas.
Os melhores cafés da Tanzânia têm um sabor profundo e rico, muitas vezes revelando notas de groselha preta que amolecem até se tornarem chocolate e se misturam ao final persistente e doce do café. A melhor torrefação para este grão é um assado médio.
Café Kona Havaí
Os melhores grãos de café havaiano Kona são cultivados a cerca de 2.000 pés acima do nível do mar nas encostas férteis dos vulcões Mauna Loa e Hualalai na Ilha Grande do Havaí.
O café Kona é conhecido por seu sabor rico, porém leve e delicado, com um aroma complexo. Fazendas diferentes terão cafés ligeiramente diferentes. A melhor torrefação para este grão é um assado médio.
Café Nicaraguo
Uma nova entrada na lista é a Nicarágua, que desenvolveu uma série de cafés de alta classificação.
Os melhores cafés do conceituado país da América Central costumam exibir notas de chocolate (amargo, quase cacau) e frutas como maçã e bagas.
Melhor torrefação: assado escuro
Sumatra Mandheling Café
Exibindo um corpo cheio e baixa acidez, os grãos de Sumatra Mandheling são mais conhecidos como um café suave. Também é conhecido pela sua doçura e sabor herbáceo de terra e aroma complexo.
O café é cultivado na região de Lintong, no centro-norte de Sumatra, perto do Lago Toba e a melhor torrefação é assado escuro.
Café Sulawesi Toraja
Este café multidimensional é cultivado nas terras altas do sudeste de Sulawesi. Mais conhecido pelo seu corpo e sabor rico e expansivo, os grãos de café Sulawesi Toraja são muito bem balanceados e apresentam notas de sabor de chocolate preto e frutas maduras. A acidez é baixa mas vibrante, com menos corpo do que um café de Sumatra, embora um pouco mais ácido, e mais terroso do que um café Arábica Java típico.
A doçura rústica e as notas de frutas suaves do café Toraja criam um sabor profundo com uma qualidade semelhante aos melhores cafés de Sumatra. O café Toraja é processado usando o método de casca húmida Giling Basah, que produz grãos de café verdes sem farelo. Para o café Toraja, recomenda-se uma torrefação escura.
Café espresso
Espresso (ess-PRESS-oh) ou café expresso, são ambas expressões utilizadas para designar uma forma de café concentrado e com sabor intenso que é servido em forma de “shots”.
Resulta da passagem de água quente pressurizada através dos grãos de café previamente moídos finamente, e utilizando uma máquina de café expresso. O resultado é um líquido forte, que apresenta uma espuma acastanhada que se forma quando as bolhas de ar se combinam com os óleos solúveis do café finamente moído.
O expresso é feito utilizando exatamente a mesma planta que o café, o qual é cultivado, processado e torrado da mesma forma. Qualquer origem de café torrado pode ser utilizado para fazer café expresso.
A diferença entre café e café expresso está na moagem e no tratamento dos grãos.
Os grãos são moídos a uma consistência mais fina do que o café e cuidadosamente embalados para não perderem todas as suas qualidades.
O resultado é um gole de café expresso, que pode ser apreciado tal como está ou utilizado para fazer uma longa lista de bebidas, incluindo um cappuccino ou café Americano.
O expresso tem todos os mesmos sabores do café, mas amplificados – amargo, ligeiramente doce, ácido, tostado. O perfil exacto do sabor varia em função da torrefacção do café. Tem uma textura mais espessa e cremosa do que a do café.
O café descafeinado
Como o café normal, o café descafeinado começa como grãos verdes não torrados.
Os feijões duros são aquecidos embebidos em líquido para dissolver e remover a cafeína de uma das quatro maneiras: usando apenas água, usando uma mistura de água e solventes (mais comumente cloreto de metileno ou acetato de etila) aplicados direta ou indiretamente, ou usando água e “dióxido de carbono supercrítico.”
A descafeinação remove cerca de 97% ou mais da cafeína dos grãos de café. Uma chávena de café descafeinado típica tem cerca de 2 mg de cafeína, em comparação com uma chávena de café normal, que tem cerca de 95 mg de cafeína.
Entidades reguladoras e autoridades de saúde em todo o mundo concluíram que a ingestão moderada de cafeína pode fazer parte de dietas saudáveis para a maioria dos adultos – geralmente até 400 mg por dia, ou cerca de 4-5 xícaras de café. As diretrizes podem variar para pessoas com certas condições médicas.
O Café e a saúde
São várias as pesquisas científicas a fornecer evidências dos benefícios exclusivos do café para a saúde. Estes efeitos benéficos do café estão relacionados com:
- Longevidade
- Cancro
- Diabetes
- Doença cardiovascular
Café e longevidade
Numa revisão de 21 estudos prospectivos, que totalizou mais de 10 milhões de participantes, beber uma chávena de café por dia, descafeinado ou com cafeína, foi associado a uma redução de 3% do risco de morte e beber 3 chávenas de café foi associado a 13% risco reduzido de morte.
Café e Cancro
Uma meta-análise de estudos prospectivos em humanos, mostrou que beber café com cafeína e descafeinado estava associado a um risco reduzido de cancro de fígado.
O consumo de café pode oferecer benefícios de protecção em relação ao cancro da mama, durante a menopausa, tendo sido concluído que o consumo de 4 chávenas por dia promove uma redução de 10% no risco deste tipo de cancro.
Café e Diabetes
Estudos mostram que os bebedores de café têm menor risco de desenvolver diabetes tipo 2, que é responsável por 90-95% dos casos de diabetes no mundo.
Os mesmo estudos também mostram que as pessoas que bebem quatro ou mais chávenas de café por dia têm um risco 50% menor de contrair diabetes tipo 2.
Cafestol, um composto encontrado no café, pode ajudar a prevenir o diabetes tipo 2. Estudos efectuados em animais mostraram também que este composto provoca um aumento da secreção de insulina, reduzindo os níveis de glicose em jejum e melhorando a sensibilidade à insulina.
Doença cardiovascular
Os resultados de uma pesquisa examinando mais de 83.000 mulheres ao longo de muitos anos mostraram que o consumo de café pode reduzir modestamente o risco de AVC entre as mesmas.
Um estudo sobre cancro, da Agência Internacional de Pesquisa, analisou mais de 500.000 pessoas e também descobriu que o consumo de café estava associado a um risco reduzido de morte por várias causas, incluindo acidente vascular cerebral.
Thomas Jefferson não poderia estar mais certo. O café tornou-se a bebida favorita do mundo moderno. Passou de uma descoberta acidental a um favorito mundial e percorreu um longo caminho. Sempre teve um lugar especial à nossa mesa, e agora faz o seu caminho para os nossos corações.
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